Descoberto em 1926 entre as Ruas Infante D. Henrique Ventura Coelho, foi, então, novamente reenterrado, só voltando a ser redescoberto em 1976 no decorrer de obras de construção.
Datado de finais do século II ou inícios do III d.C, estaria integrado num edifício público relacionado com actividades marítimas, talvez a sede duma corporação profissional (schola). Os patrocinadores do mosaico inscreveram para a eternidade os seus nomes no mesmo, como era comum na sociedade romana.
A cabeça de Oceano é tratada como uma máscara e a associação dos Ventos (Euro e Bóreas) – que personificam as forças naturais – à cabeça de Oceano, não é a mais frequente nas representações do deus (Lancha, 1985:117). Toda a iconografia e restante decoração presentes neste mosaico, bem como a própria inscrição dos nomes dos patrocinadores, para além de nos indicarem uma origem norte africana dos seus executores, constituem todo um programa de afirmação de uma cidade e da sua vitalidade sócio-económica; uma urbe que vivia dos produtos do mar e seus preparados, e que exportava um pouco para todo o império. Daí a temática central deste mosaico: Oceano pai de todas as águas que faz nascer os Ventos, cujo sopro favorece a navegação, o comércio. Cosmologia e geografia humana inspiram este mosaico e não a mitologia ou a cenografia (Lancha, 1985:119,120).
Bibliografia:
LANCHA, J.(1985) “O Mosaico “Oceano” descoberto em Faro (Algarve)”. Anais do Município de Faro. Vol.XV. Faro. p.111-124.